Depois de mais de um mês de intensa programação cultural, com a ópera Cavalleria Rusticana, se encerra o II Festival de Verão, que trouxe para Ivinhema, como centro de discussões e reflexões, o Paraguay Contemporâneo. Foram férias com conhecimento, com emoção e com crescimento. Impossível as pessoas que participaram de algum dos mais de 50 eventos, não ter se transformado. Impossível. Neste período, pode-se conhecer parte da arte que é feita no país tão perto e tão longe da gente. As palavras do Júlio Alvarez, no primeiro Diálogo Pertinente, junto à grande Maria Adélia Menegazzo, doeram na carne, ao menos dos que se sentem brasileiros e têm vergonha dos acontecimentos da Grande Guerra, ou Guerra do Paraguai. Júlio também nos trouxe as cores e a ironia desse país, representado ainda nas cabeças de Marcos Benitez, escolhidas por Douglas Colombelli. A fronteira onde o Brasil foi Paraguai esteve nas vozes de Maria Cláudia, Maria Alice e do belo grupo Tapês. O Ballet de Pedro Juan Caballero nos encantou com a triste história da Galopera, dançada com o vaso na cabeça e depois cantada por Luis Parra. Já do lado de cá, o Ginga estreou em grande estilo seu Amor Líquido, inaugurando a velha usina de energia. Usina de Luz. Na usina, assistimos em clima de bar, Memórias do Subdesenvolvimento, o filme cubano que continua nos ensinando a pensar. O cinema contou várias histórias do sonho latino-americano, escolhido e explicado por Elen Dopenschmitt. O Ramiro Gomez trouxe o cinema contemporâneo do Paraguai. A velha usina presenciou ainda a festa do Teatro Mágico, o lirismo do Pia Fraus e a eloqüência da Cant’ art na ópera Cavalleria Rusticana. Uma ressurreição. Quem quis aprender, aprendeu. Aprendeu arte com a família Jordão, com o Marcos Câmara, com a Joanita e com o Rafael Maldonado, filosofia com a Marília Fiorillo, fotografia com a Elis Regina, origami com o Elder, o Magno e o Danilo, história com o Marco Antônio de Rezende, cinema com o Naldo Rocha, teatro com a Laís Dória. Teatro, teve também, o improvisado Improváveis e a performance do poeta Emmanuel Marinho. De poeta, também veio o Douglas Diegues, que apresentou um novo fôlego em nossa Literatura, o Portunhol Selvagem. Ele dialogou pertinentemente com a Mônica Falcone. Também dialogaram, o Cristian González com a Gicelma Chacarósqui, a Maria Cláudia com a Camile dos Anjos, o maestro Eduardo Martinelli com o Jonas Feliz, o Thiago Jordão, o Douglas Colombelli e o Marcos Benitez, o Marcos Câmara com o Marcelo Fernandes, que tocou a América Latina em seu violão erudito. O Bojo Malê encheu a rua de sons e a Orquestra Sinfônica de Campo Grande, toda a cidade. A produção de tudo isso ocupou o Fernando Ferrari, a Juliana Almeida, a Lillian, a Neusa, o Leone Bacchiegas, o Paulão, o Carlinho, o Carminho, o Zé Luís, o Paulo fotógrafo, o Xororó, o Anderson da iluminação, o Juliano, o Maicon, a Nádia, o Gerson, a Regiane, a Marcela, o Renato Moreno, o Afonso, a Celeste, a incansável Camila Jordão e a família, que recebeu todo mundo. Acho que a beleza recompensou o esforço e a presença indispensável dos fiéis Lolinha e João, Jean e Mariza, Dirce, João Batista, Maria Bianchi, Dona Bené, vó Benedita, dona Terezinha, Zeca, Neli, Izabel, Luzia, Márcia, Zulmira, Francielli, Marli, Gerson, Regiane, Suellen e sua mãe, nos dão força para continuar o sonho e nos atrever a convidar a todos os que agüentaram ler este texto até aqui para participarem do III Festival de Verão da Fundação Nelito Câmara, “Matéria Prima: Manoel de Barros”, que realizar-se-á no período de oito a 23 de janeiro de 2.010 em algum lugar da cidade de Ivinhema-MS. ATÉ LÁ.
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009
O II Festival de Verão termina em grande estilo com a Ópera Cavalleria Rusticana
A jornalista Mônica Falcone resumiu a ópera: “É um milagre!” Ela se referia à beleza da montagem da Cavalleria Rusticana pela companhia Cant’Art de Campo Grande, apresentada no simbólico edifício da antiga usina já na zona rural de Ivinhema. A noite foi tão rara que ecoou a afirmação do músico Jean Stringueta no curso de Filosofia de Marília Fiorillo: “Parece Mentira!” . Essa sensação de surrealismo perpassou todo o II Festival de Verão da Fundação Nelito Câmara, mas ficou mais evidente com a apresentação da mais completa e complexa das artes cênicas, a de mais difícil compreensão e de mais forte emoção. A ópera é avassaladora. Nas palavras de Edneide Dias de Oliveira, realizadora desta grande loucura: “Com a ópera, ou se ama ou se odeia, ninguém sai indiferente.” Este clima de exagero era o adequado para encerrar um festival de 40 dias e mais de cinqüenta eventos. Cinco solistas, entre eles as grandes vozes da soprano Angélica Jado e do renomado tenor catarinense, Luis Fernando Vieira, além do coral da Cant’Art encenaram a obra de Pietro Mascagni. Terminada a função e em meio ao desmanche do circo, ópera e do festival, o também grande pianista, Luis Fernando Vieira, encheu de música o querido prédio da antiga usina e a milagrosa noite de 17 de janeiro de 2009.
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