quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Chega ao fim o II Festival de Verão da Fundação Nelito Câmara. E agora.

Depois de mais de um mês de intensa programação cultural, com a ópera Cavalleria Rusticana, se encerra o II Festival de Verão, que trouxe para Ivinhema, como centro de discussões e reflexões, o Paraguay Contemporâneo. Foram férias com conhecimento, com emoção e com crescimento. Impossível as pessoas que participaram de algum dos mais de 50 eventos, não ter se transformado. Impossível. Neste período, pode-se conhecer parte da arte que é feita no país tão perto e tão longe da gente. As palavras do Júlio Alvarez, no primeiro Diálogo Pertinente, junto à grande Maria Adélia Menegazzo, doeram na carne, ao menos dos que se sentem brasileiros e têm vergonha dos acontecimentos da Grande Guerra, ou Guerra do Paraguai. Júlio também nos trouxe as cores e a ironia desse país, representado ainda nas cabeças de Marcos Benitez, escolhidas por Douglas Colombelli. A fronteira onde o Brasil foi Paraguai esteve nas vozes de Maria Cláudia, Maria Alice e do belo grupo Tapês. O Ballet de Pedro Juan Caballero nos encantou com a triste história da Galopera, dançada com o vaso na cabeça e depois cantada por Luis Parra. Já do lado de cá, o Ginga estreou em grande estilo seu Amor Líquido, inaugurando a velha usina de energia. Usina de Luz. Na usina, assistimos em clima de bar, Memórias do Subdesenvolvimento, o filme cubano que continua nos ensinando a pensar. O cinema contou várias histórias do sonho latino-americano, escolhido e explicado por Elen Dopenschmitt. O Ramiro Gomez trouxe o cinema contemporâneo do Paraguai. A velha usina presenciou ainda a festa do Teatro Mágico, o lirismo do Pia Fraus e a eloqüência da Cant’ art na ópera Cavalleria Rusticana. Uma ressurreição. Quem quis aprender, aprendeu. Aprendeu arte com a família Jordão, com o Marcos Câmara, com a Joanita e com o Rafael Maldonado, filosofia com a Marília Fiorillo, fotografia com a Elis Regina, origami com o Elder, o Magno e o Danilo, história com o Marco Antônio de Rezende, cinema com o Naldo Rocha, teatro com a Laís Dória. Teatro, teve também, o improvisado Improváveis e a performance do poeta Emmanuel Marinho. De poeta, também veio o Douglas Diegues, que apresentou um novo fôlego em nossa Literatura, o Portunhol Selvagem. Ele dialogou pertinentemente com a Mônica Falcone. Também dialogaram, o Cristian González com a Gicelma Chacarósqui, a Maria Cláudia com a Camile dos Anjos, o maestro Eduardo Martinelli com o Jonas Feliz, o Thiago Jordão, o Douglas Colombelli e o Marcos Benitez, o Marcos Câmara com o Marcelo Fernandes, que tocou a América Latina em seu violão erudito. O Bojo Malê encheu a rua de sons e a Orquestra Sinfônica de Campo Grande, toda a cidade. A produção de tudo isso ocupou o Fernando Ferrari, a Juliana Almeida, a Lillian, a Neusa, o Leone Bacchiegas, o Paulão, o Carlinho, o Carminho, o Zé Luís, o Paulo fotógrafo, o Xororó, o Anderson da iluminação, o Juliano, o Maicon, a Nádia, o Gerson, a Regiane, a Marcela, o Renato Moreno, o Afonso, a Celeste, a incansável Camila Jordão e a família, que recebeu todo mundo. Acho que a beleza recompensou o esforço e a presença indispensável dos fiéis Lolinha e João, Jean e Mariza, Dirce, João Batista, Maria Bianchi, Dona Bené, vó Benedita, dona Terezinha, Zeca, Neli, Izabel, Luzia, Márcia, Zulmira, Francielli, Marli, Gerson, Regiane, Suellen e sua mãe, nos dão força para continuar o sonho e nos atrever a convidar a todos os que agüentaram ler este texto até aqui para participarem do III Festival de Verão da Fundação Nelito Câmara, “Matéria Prima: Manoel de Barros”, que realizar-se-á no período de oito a 23 de janeiro de 2.010 em algum lugar da cidade de Ivinhema-MS. ATÉ LÁ.

O II Festival de Verão termina em grande estilo com a Ópera Cavalleria Rusticana


























A jornalista Mônica Falcone resumiu a ópera: “É um milagre!” Ela se referia à beleza da montagem da Cavalleria Rusticana pela companhia Cant’Art de Campo Grande, apresentada no simbólico edifício da antiga usina já na zona rural de Ivinhema. A noite foi tão rara que ecoou a afirmação do músico Jean Stringueta no curso de Filosofia de Marília Fiorillo: “Parece Mentira!” . Essa sensação de surrealismo perpassou todo o II Festival de Verão da Fundação Nelito Câmara, mas ficou mais evidente com a apresentação da mais completa e complexa das artes cênicas, a de mais difícil compreensão e de mais forte emoção. A ópera é avassaladora. Nas palavras de Edneide Dias de Oliveira, realizadora desta grande loucura: “Com a ópera, ou se ama ou se odeia, ninguém sai indiferente.” Este clima de exagero era o adequado para encerrar um festival de 40 dias e mais de cinqüenta eventos. Cinco solistas, entre eles as grandes vozes da soprano Angélica Jado e do renomado tenor catarinense, Luis Fernando Vieira, além do coral da Cant’Art encenaram a obra de Pietro Mascagni. Terminada a função e em meio ao desmanche do circo, ópera e do festival, o também grande pianista, Luis Fernando Vieira, encheu de música o querido prédio da antiga usina e a milagrosa noite de 17 de janeiro de 2009.

Bichos do Brasil chega a Ivinhema




























A premiada companhia paulistana de teatro, Pia Fraus, emocionou o público do II Festival com seu espetáculo Bichos do Brasil. A peça, concebida para platéia infantil, faz muito sucesso também entre os adultos por seu lirismo e delicadeza. A usina antiga ficou repleta para a apresentação.

Atores do grupo Pia Fraus ensinam técnicas de teatro na Fundação Nelito Câmara









Uma sala lotada de interessados recebeu os atores da importante companhia teatral, Pia Fraus, na tarde de quinta-feira, 15, na sede da FNC. O público pode experimentar com as atrizes Viviane e Clara, as técnicas do teatro de bonecos e receber informações sobre a companhia.